






Os desenhos típicos da cultura pernambucana chamam a atenção de todos que passam pelo pequeno ateliê de Fernanda Batista. Seus traços são delicados, coloridos e criativos e tem uma marca que é a presença de um sorriso no rosto de cada personagem. Quem olha se encanta primeiramente por seu talento, mas se para e conversa com e própria criadora, se encanta mais ainda.
Fernanda recebeu o “Balaio Contemporâneo” de forma muito à vontade numa segunda-feira pela manhã e conversamos durante mais de hora, num papo agradável e regado de histórias interessantes que aconteceram durante os quase quatro anos que está no Shopping Paço Alfândega, no bairro do Recife Antigo, beirando mar e rio.
Sua história é incrível por que é justamente um exemplo de como as pessoas depois de muito tempo podem descobrir uma atividade sobre a qual nem pensavam em realizar – no seu caso, a pintura - e hoje não se enxergam mais sem ela. Fernanda começou cursando Nutrição, onde abandonou o curso quando arrumou emprego e se formou
A princípio era somente um presente para um amigo – um jogo de copos para caldinhos -, mas com grande incentivo da família e de amigos próximos, ela foi convidada para abrir seu ateliê no Paço. Este ano completará lá, em Outubro, quatro anos de muito sucesso e realização pessoal. Para ela, é importante ter prazer naquilo que faz, e por isto, seu trabalho não é somente voltado para o lucro, mas também pelo gosto em pintar louças e caixas lindíssimas, além de fazer muitos amigos.
No mesmo banquinho em que estávamos sentadas, ela nos contou que já recebeu muitas pessoas que ali passaram somente para ver sua arte ou comprar algo e acabam sentando e tomando cafezinhos enquanto conversam; Fernanda consegue passear por todos os assuntos e manter a simpátia com suas histórias. A proposta é que nas conversas sempre alguém saia com algo que foi dito, não importa quem. Como ela falou: “Cada um tem sua missão."
Vale à pena passar por lá, seja para comprar, seja pra conversar; além de valorizar a rica cultura pernambucana com peças lindas, uma boa conversa também é sempre bem-vinda e temos certeza que ela não negará isto.
Onde encontrar:Como ele mesmo afirma "um guri que talvez seja único",Neco Vieira, é compositor, letrista e poeta. É com tamanha facilidade que em pouco tempo consegue compor uma canção. Neco é nosso entrevistado do mês de setembro e é com muita alegria que mostramos o talento desse paulista com o coração carioca.
Balaio Contemporâneo - De onde veio o ato de escrever?
Neco Vieira - Escrever foi algo que aconteceu por acaso, não por escolha, nem nada. Sempre gostei de escrever, lembro até que no ensino fundamental, na sempre memorável escola João de Souza Ferraz, do qual nunca esquecerei, pois estudei oito anos de minha vida. Eu pedia para a professora fazer por semana uma aula de redação, porém o projeto não foi adiante. Mas, em relação a letras e poemas, tudo começou em dezembro de 2005 quando eu havia prometido um depoimento no orkut de final de ano para uma amiga, e sentei-me em frente ao computador e comecei a escrever, algumas coisas rimadas, lindas na época, hoje tenho vergonha de mostrar. O fato que me intrigou foi que, ao escrever, eu tremia muito, rangia os dentes, como se fosse o dia mais frio do ano, e eu estivesse nu, porém era final de ano, verão. Então fui desenvolvendo isso, e descobri que eram letras de músicas, o que eu fazia, logo descobri o nome '' letrista'' e já passei a me autonomear como ''letrista''. E ai o tempo foi passando, e creio que fui evoluindo.
Balaio Contemporâneo - Você tem alguma influência? Quem?
Neco Vieira - Sim, tenho várias influências, musicais, pessoais, etc. Porém influência musical começou com Rita Lee, então fui conhecendo a boa MPB e rock nacional. Elis Regina, Cássia Eller, Cazuza, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Legião Urbana... Rita influenciou letras que fiz em 2006, Legião em 2007/2008, e no final de 2008 comecei a descobrir melhor um cara que eu já tinha ouvido falar ''Chico Buarque''. Depois disso todas as letras de 2009 estão vindo
Balaio Contemporâneo - Você tem alguma inspiração na hora de escrever?
Neco Vieira - Sim, mulher, a alma feminina, relacionamentos amorosos, enfim, a vida, minha vida me inspira muito, meu dia-a-dia, minha rotina, minha curta e medíocre vidinha.
Balaio Contemporâneo - Como você consegue elaborar uma canção, texto e poema, tão rápido?
Neco Vieira - As letras já vêm prontas quando começo a escrever. É como se meu cérebro ficasse um tempo montando e entregasse às minhas mãos, prontas. É complicado explicar, porém, não passo horas, dias nem meses, para compor uma letra, basta-me apenas de cinco ou dez minutos à uma hora.Balaio Contemporâneo - Qual seu tema favorito de escrever?
Neco Vieira - Prefiro falar de amor do que de sentimentos de ódio, rancor. Gosto de escrever coisas que meus filhos possam ouvir sem se assustarem.
Balaio Contemporâneo - O que você acha das letras que estão surgindo no Brasil?
Neco Vieira – Depende do estilo. Em relação ao funk, são letras que rebaixam a mulher, os sentimentos femininos. Em relação a MPB, estou gostando, estão surgindo ''caras'' novas que estou adorando. Já o rock nacional, sinto que ele está se perdendo em modinhas – tipo os emos [nada contra, adoro emo]. Então, qualquer cara com uma guitarrinha na mão, que cante de sentimentos adolescentes, e faça barulho estilo rock'n'roll já é considerado rock?! É preciso atenção.
Balaio Contemporâneo - Alguma letra sua já virou música? De quem? Como foi isso?
Neco Vieira - Sim a primeira foi:
Deleite Ínclito
"Em todas as mulheres vejo o seu olhar,
Em todas as crianças vejo seu sorriso,
Em todos os abraços eu sinto o seu calor,
Em todas as lacunas sinto você.
Sei que não sei de você,
Mas tu podes me ensinar a ser só seu,
Basta dizer que eu sou seu eternamente,
Pois em todos os passos vejo o seu andar,
Em todos os sorrisos vejo você,
Em todas essas obras vejo você, meu amor.
Não posso chegar, não posso sair,
Estou preso em seu coração,
Não posso mandar, só sei obedecer,
Sou seu e de mais ninguém.
Mas em todos os vôos eu vejo tuas asas,
Em todos os sonhos vejo suas cores,
Em todos os homens sua bravura
Em todos os seres sua existência.
Eu te amo tanto, mas não sei pedir
O que eu mais quero é poder
Querer sem ninguém saber,
Sem ser censurado, sem ser derrotado,
Só quero é ter você.
Não posso chegar, não posso sair,
Estou preso em seu coração,
Não posso mandar, só sei obedecer,
Sou seu e de mais ninguém.
Não vou te abandonar jamais."
musicada por Giovana Vincenzi, ótima musicista, cantora, compositora. No entanto, tenho uma banda, chamada Nó Górdio, onde em, pouco mais de um ano de existência já teve várias entradas e saídas de integrantes, hoje, para falar a verdade é uma dupla. Inicialmente, Nó Górdio começou com a idéia de Beatriz Modesto montar uma banda, então, me convidou por eu ser letrista, e convidou Ana Luísa por tocar violão e saber compor e cantar muito bem, e Alexandre Natale como baterista, porém, no decorrer do ano, Beatriz e Alexandre saíram, entrou para os teclados então Marina Abreu que ficou só por dois meses, enfim, Nó Górdio permanece com Ana Luísa e Neco Vieira desde o princípio, e como sempre foi, Ana Luísa e eu compomos músicas e letras para nosso repertório, em breve todos ouvirão o som de Nó Górdio.
E finalizo dizendo um pedaço de uma letra recente minha, que relato meu amor pelo Rio de Janeiro:
"Salve todos brasileiros
Em especial o Rio
Sou paulista de nascença
Mas de coração sou Rio."