domingo, 15 de novembro de 2009

Os Mercados Públicos do Recife

O nome mercado público nos reflete a ideia de um local de mudança em que os movimentos urbanos se encontram e a experiência de interação, vinda das ruas, se intensifica por meio daqueles que vendem e compram. Só que para os Recifenses vai além de um simples bazar de mercadorias, pois eles freqüentam democraticamente esse ambiente para realizar festas, encontros de amigos, boêmias aos sábados e inúmeros eventos. Nesse espaço cultural encontramos pessoas de todas as cores, credos e classes. Enfim, são seres que vivem e frequentam os mercados há gerações e ainda conseguem se emocionar com as lembranças.

Como vocês estão percebendo, o caminho a ser traçado hoje será diferente. Vamos mostrar um pouco das histórias de três grandes mercados públicos da cidade do Recife – São José, Boa Vista e Madalena.


Mercado São José

A história do mercado começa ainda no século XVIII, quando se faltava um local apropriado para a venda de mercadorias no Recife. Estabelece-se um comércio diversificado ao lado da Igreja no terreno Sítio dos Coqueiros, cujos antigos proprietários doaram-no para os Frades Capuchinhos do Recife. O primeiro nome que teve foi Mercado da Ribeira do Peixe, que ficava na Vila dos Pescadores, onde ali encostavam os barcos para vender seus produtos. Com o tempo passa-se a chamar de Mercado de São José.

Como o bairro cresce bastante, com muitos casarões, os Frades cobram do governo um mercado regular ali, travando uma disputa sobre a pose das terras que somente foi resolvida pelo imperador, que as julgou pertencentes ao povo. A Câmara Municipal contrata os engenheiros Victor Lenthier e Louis Léger Vauthier, que cuidou dos detalhes, para construírem o novo mercado, inspirado no MercadoPúblico de Paris, Grenelle. Há modificações nos materiais usados, devido ao clima, mas o propósito é refletir o desenvolvimento e a modernidade do Recife. É inaugurado no dia 7 de Setembro de 1875. Também foi feito um livro de assinaturas, onde o primeiro nome é do abolicionista Joaquim Nabuco.

Passou por reformas em 1906 e 1941, com a troca por materiais mais duráveis. Quando completou um século de vida, o mercado ganhou o título de Patrimônio Arquitetônico e Histórico Nacional por ser o primeiro exemplo de arquitetura de ferro no Brasil. O Mercado já passou por um incêndio no pavilhão Norte no ano de 1989, sendo entregue em 1994.

Completou este ano 134 anos e já possui uma pelada de futebol que é disputada anualmente, com times que tem nomes como: Carne, Sopa, Frango e Artesanato; tem um bloco de Carnaval, o Bloco de Samba da Turma do Saberé. Tem este nome em homenagem ao peixe mais difícil de ser fisgado pelo anzol e mais procurado no mercado.

As histórias que ali existem são muitas, principalmente nos anos 70, quando o bairro de São José não tinha o perfil comercial, e no próprio mercado aconteciam apresentações de cantadores de viola e manifestações folclóricas. Até hoje, os 561 boxes chamam a atenção dos visitantes mais diversos, tanto pela originalidade quanto pela variedade e preços baixos, que conquistaram os mais diversos clientes que ali vão.

Mercado da Boa Vista



Os arcos que dão acesso ao pátio em formato de U do mercado lembram conventos, e outrora já foram freqüentados pela alta freguesia do bairro da Boa Vista. O mercado adquiriu um perfil mais popular, mas que continua encantando os traunsentes e visitantes por sua arquitetura, que por hora lembra o antigo Mercado da Ribeira do Peixe. A construção do mercado aconteceu no governo e Diogo Lobo da Silva, quando moradores e comerciantes se uniram para pressionar a construção de um mercado no bairro, visto que o mais próximo era o Mercado da Praça do Polé, atual Praça do Diário.

Um terreno na Rua De São Gonçalo (hoje Rua De Santa Cruz) foi escolhido e construído uma praça e um açougue, onde também se comercializavam cereais, verduras e por um momento, escravos, no boxe número um.

Após um tempo fechado, é reaberto no ano de 1901 e sofre restauração no ano de 1946. Também passou por três incêndios, o último em 2005. Mas o que chama a atenção dos comerciantes que ali estão há muito tempo é o fato de hoje a tradição de passar a venda de pai para filho é rara num mercado público; a grande variedade de profissões e o leque de supermercados existentes poderiam justificar isto.

Trabalhar no mercado é quase que viver lá, pois seu funcionamento é de domingo a domingo, sendo que nos finais de semana é que se têm mais movimentação. A caderneta de pedidos ainda é válida nos boxes, utilizados por fregueses tradicionais que praticamente acompanharam a história do mercado. Estes personagens é que fazem o mercado tal qual ele é hoje, com suas histórias, conversas, jogos, rodas de música, cafés da manhã e muitos petiscos famosos, como o patinho cozido no feijão preto, que permanecem no tempo.


Mercado da Madalena

O início do bairro nos remete ao período açucareiro, onde naquelas terras exixtiu um engenho de tração animal que levava o nome da esposa do proprietário, Dona Madalena Gonçalves Furtado. Era conhecido como ‘passagem de D. Madalena’ e no século XX ali havia um aglomerado de casas e comerciantes, que formavam a Feira do Bacurau. Os produtos vendidos eram postos à vista para a venda sem nenhuma organização e tinha seu pique pela noite, quando os boêmios voltavam da ‘zona’ e se reabasteciam nos bares.

O mercado mesmo só nasceu no ano de 1925, com arquitetura que remete às casas coloniais, uma praça construída ao lado para embelezar o local, que continuou com antigos hábitos da feira, como as "comidinhas de fim de noite".

Os boxes de pedra são substituídos por boxes cobertos e organizados em três ruas com o posterior acréscimo de um novo corredor. Também a rua que separava o mercado da Praça foi transformada em rua de pedrestes e abriga a Feira de Passarinhos.

Nos bares tradicionais, os fregueses antigos ainda usam a caderneta, e continuam pedindo os pratos típicos, como o famoso cuscuz com bode guisado e o sarapatel, sejam no jantar, sejam no café da manhã. Outra tradição que se repete é tocar o sino ao entrar no Bar dos Cornos, parada para os que desejam comer uma galinha cabidela e tomar uma cachaça, e que anualmente elegem o "Corno do Ano".

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Queremos agradecer a participação de Carlos Henrique e Priscilla Costa, que juntos com duas Severinas fizeram essa coleta de informações para a realização de um trabalho acadêmico e que aproveitamos para mostrar aqui no Balaio um pouco da cultura pernambucana. Pois, como diz Carlos Henrique: “Um mercado público é uma fotografia perfeita para um retrato cultural de um povo.”

domingo, 8 de novembro de 2009

Bossa Contemporânea

FelixBravo é um projeto que surgiu de uma amizade. Os dois se conheceram no colégio, começaram a estudar e compor músicas juntos e quando viram, já estavam iniciando gravações. Continuaram as composições estruturando o trabalho cada vez mais. Suas canções são bem peculiares, denominadas em "Música para se ouvir em silêncio". Isso porque todas elas são recheadas de detalhes na letra, na melodia e no ritmo. É um tipo de canção popular que, quanto mais você escuta, mais detalhes percebem. Para eles o silêncio é a peça fundamental, com a qual trabalham para alcançar o público com a mensagem que querem passar.

Iniciaram no cenário musical na própria cidade, Curitiba. Além de terem sido convidados a tocarem em São Paulo, no SESC da vila mariana. As influências são muitas. Escutam desde bossa/jazz, música impressionista como Debussy, Ravel. Além de Tom, Vinicius, Pixinguinha, Chico Buarque, Paulo César e Aldir Blanc. Também escutam muito samba de Noel Rosa, Cartola e Cavaquinho. E, claro, adoram o jazz brasileiro (Os Cobras, Brazilian Octopus), em especial.

Confessam que esse é o grande momento em que vivem com a tecnologia. Muita gente que não teria como escutá-los nos moldes normais de divulgação e venda de músicas, estão escutando em várias cidades do Brasil e do mundo. O que é a realização de todo artista. Gente da Califórnia, de Manaus, de São Paulo, do interior do Paraná, da Bahia, de Recife, da França e de tantos outros lugares acessando e apreciando o trabalho deles. O que para o artista é uma realização que não tem preço.

E, por fim, o balaio contemporâneo pergunta a eles se concordam que a música brasileira está desvalorizada tanto na estética quanto na sonoridade:

"Depende. Para o grande público, boa parte da música brasileira passa despercebida tamanho marketing/produção existente com foco em música estrangeira. Contudo, há uma parcela da população brasileira que consome e aprecia a música popular em todos os seus níveis, desde a raiz até o contemporâneo. A desvalorização que às vezes se faz sentir vem, em grande parte, das mudanças vetoriais do mercado. Quem aprecia boa música não dá as caras na novela, nem no ibope, tampouco na televisão aberta. A estética e a sonoridade da música brasileira, na nossa opinião, estão em franca transformação. Após dois séculos de história, após a solidificação de algumas vertentes (maracatu, frevo, samba, choro, MPB, instrumental), o que vemos agora é um novo momento onde as vertentes se mesclam criando novas vertentes, novos símbolos, é um novo momento da história da música nacional. Com relação à sonoridade, cada vez novos músicos se apresentam ao público com talentos e performances mais efusivas e emocionantes.

A geração de Hamilton de Hollanda, André Mehmari, Dimos Goudaroulis, o próprio Vitor Araújo (um pouco mais novo), a nova geração de cantoras (Marianas, Marias), a nova geração de Orquestras (Olinda, Imperial, Republicana), sem falar nos novos compositores (Camelo, Krieger, Ferreira, tantos). Tudo isso faz parte de um movimento macro de miscigenação de influências e sonoridades, que em nossa opinião, está engrandecendo nosso arsenal musical." - diz FelixBravo.








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segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Severinas

“Quando a gente canta/somente aquilo que a gente sente/profundamente não há lugar nenhum para canção doente/porque a alegria se derrama quente/pois quando a gente canta alegria/a força da canção explode/se irradia/é como a luz do sol sendo a luz da gente/é como a luz da gente sendo a luz do dia” – é com essa citação de Gonzaguinha que queremos compartilhar nossa felicidade de três meses de blog, com vocês leitores.

Em pouco tempo de Balaio Contemporâneo percebemos o grande número de novos talentos que o Brasil possui, e que com certeza nós - severinas - vamos buscar cada vez mais. Queremos ressaltar e agradecer pela grande parceira que ganhamos, Sophia Borges. E exibir um pouco do nosso talento de fotografar, que descobrimos devido ao blog.












por Lara













por Juliana Isola













por Su,hã?














por Ju Moraes